segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Lembranças


Estou à flor da pele
Meu corpo ainda quente
Sente o teu frio
Vejo seu vestido florido que tentava cobrir as belas pernas
Não coloquei em você a sapatilha
De pompom, metalizada
Sua mão me carregava
Para os chocolates e sorvetes
Batons Bering, o s Garotos de hoje
Barras de fino chocolate com baunilha gelada
Era nosso segredo,
Dos muitos, da Praça
Nunca gostei que você dormisse
Não gosto agora
Nem que fosse para escola
Só dos cadernos de botânica
Flores e folhas secas descritas
Azáleas que eu pegava com você
Bolos “amarradinhos”
Pedaços saboreados com Diabinese
Empáfia, valores, ousadia
Sabedoria do viver
Saia curta, unhas longas, pernas torneadas
Rock, bolero, samba
Ed Lincoln na vitrola, Cuba-libre, Ray - fie

“Chão de Estrelas” espelhando
As calcinhas das dançarinas
Hoje tudo mistura, fumaça do cigarro longo
Orlandivo, Maysa, Jorge Ben
Passado alegre, em carne viva
Não vou deixar de ter ver!
Vou deixar você dormir!
Dentro da bolsa de macramê,
Está minha saudade.

Nossa forma de amor

Nossa forma de amor,
É por vezes tão delicada:
De namoro, de infantilidades,
Outras vezes tão carnal:
De tesão, de futilidades,
Acabo me desconhecendo...
Nessa mistura de sentimentos...
Atos loucos, devassos...
Perco-me, encontro -me...
Fico a deriva e lembro de Voltaire:
“As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveria viagens nem aventuras nem novas descobertas”.
Assim, sossego e espero o vento...

Vinho e Sangue



Tenho uma valentia
que apavora
Uma impulsividade
que encoraja
Uma passionalidade
que amedronta.
E sou tão frágil
como a taça de cristal
que ampara o vinho tinto.
ao quebrar rompe minhas veias,
misturando as moléculas, esquentando o sangue.
Transformando, desequilibrando,
mudando de posição a vida,
sem poder colocá-la na estante...
Não tenho esse direito!

04/05/2008

Doida linda CRIS DUFRAYER

Doida linda
Quando vc me chama assim
Percebo que meus fios soltos,
Desencapados, desconectados...
Percebo dia e noite, sol e lua,
Loucura e razão
Chuva, frio, edredom.
Vestido sem calcinha
Conexões defeituosas
De uma vida inteira
Anos de instalação
Força e lágrima
Feijão e poesia
Complementos do Brasil
Ritmo e carioquice
Medo da ópera ensaiadinha
Textos soltos e densos
Voz farta e verdadeira
Nada de princesa ou moleca
Rainha louca, doida linda!
Fios soltos da paixão
Rainha de marés e luas
Céu de sol e de estradas
Embreagens velozes
Todos os fios conectam um ser assim,
Indivisível e dual
Desafinada com a maioria
Solidão e companhia
Alma livre, coração preso
Incongruência.
O sempre e o talvez
E que se danem os nós!
02/05/2008
Cris Dufrayer

AS PALAVRAS

O FASCINIO PELAS PALAVRAS ME FAZ CAMINHAR LENTAMENTE NO QUE DIZES... NEM ME IMPORTO PARA QUEM ENDEREÇA UMA VEZ ESCRITAS PERTENCEM AO MUNDO A QUEM DESEJAR LÊ-LAS AS PALAVRAS SÃO LIVRES E SOBREVOAM MUITOS CORAÇÕES MAS APENAS SOBREVOAM... NÃO DESEJAM OCUPAR ESPAÇO FICAR EMPOEIRADAS, SEM SENTIDO AS LETRAS SE SOLTAM E OUTRAS IDEIAS SURGEM DELINEANDO UM CORPO VOCABULAR ANDARILHO, NA ESPERANÇA QUE ALGUEM POSSA NOVAMENTE DAR ALMA A ESSE CORPO TIRÁ-LA DA FORMA, SEM RETOQUE,SEM GLASSÊ...

sábado, 30 de janeiro de 2010

VOU BATER NA TUA CARA PRA NÃO BATER NO PANDEIRO

SAMBA TRAVESSO

SAMBA ATRAVESSADO

SAMBA DE RAIZ

FEITO NO CALOR

NO SUOR DO BOTECO POERENTO

COM GATO NA PORTA

MUITA GARRAFA NO CHÃO

VENTILADOR DE TETO

GIRANDO LENTAMENTE

SEM VENTO

PRA NÃO VOAR

O GUARDANAPO

CHEIO DE LETRAS

RABISCOS E RISCOS

CUSPE E GINGA

CANTA A VELHA

CANTA A NOVA GUARDA

QUE GUARDA

NO PEITO

AS FALSAS DORES DO AMOR

SAMBA ATRAVESSADO

NAS GOELAS

NOS DEDOS

NO GARFO NO COPO

NA CAIXA DE FOSFORO

DAÍ ELE ATRAVESSA PROS

CORAÇÕES E NA BOCA DO POVO

TOMA CORPO E REBOLADO.

Depois que sentir o Perfume da Nega...

Pra te ganhar
Dei sujesta em vagabundo
Dei a volta pelo mundo
Eu mergulhei fundo sem medo de errar
E você fica nessa querendo esnobar
Meu amor que é tão profundo
Ta na hora de parar com isso
Eu jogo um feitiço pra te apaixonar

Tomara que você me entenda
Ou eu faço oferenda
Pro meu orixá
Já é hora de parar com isso
Ou eu jogo um feitiço pra te apaixonar

Eu escrevo teu nome menina
E despacho na esquina
se o santo mandar
ta na hora de parar com isso
Ou eu faço feitiço pra te apaixonar

Eu boto um litro de cachaça
Farofa de mel e dendê
Na rua onde você passa
Feitiço pra amarrar você

Que a minha vida não tem graça
Não quero/posso mais viver assim
Então deixa de pirraça
Eu quero teu amor pra mim

Se até dez horas da noite você não voltar
Eu boto meu povo na rua pra te procurar
Se até dez horas...
Se até dez horas da noite você não voltar
Eu boto meu povo da rua pra te procurar

Minha paixão é verdadeira
Eu quero você por inteira...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

NÃO SEI ESCOLHER

Eu não sei escolher
Não sei escolher a hora certa
Não sei escolher as palavras
Não tenho bom senso
Não sei se quero maçã ou pêra
Mas uva com certeza eu quero
Não sei escolher os momentos
As caras, as posições
Não, definitivamente, não sei escolher as pessoas
Não sei se quero azul ou amarelo
Mas vermelho com certeza eu quero
Ansiedade, impulsividade, emoção
Não sei escolher a frieza dos tempos da neve
Não sei escolher o casaco, não sei escolher o frio
Intensidade, efervescência, paixão
Não, definitivamente, não sei escolher
Não sei escolher entre os pés e as mãos
Mas o meu coração com certeza, sei escolher
Entre ele e a razão
Pensamentos serpenteiam
Atitudes pulam como cobras famintas
Pergunto: onde ficou a tolerância?
Não sei escolher...
Não sei, entre cobra ou sapo!
14/06/2009 Cris Dufrayer